Ela dorme sob a epígrafe de um parágrafo, sob um copo de sorriso ou um metro e meio de abraço.
Ela dorme, dorme, dorme… E sonha com princesas que jamais lhe alcançarão. O teto é estrelado, o chão, rachado. Mas ela dorme, dorme, dorme.
Não faço poesia enquanto lhe olho. Apenas a sinto. Seu cabelo ondulado esvoaçando levemente ao expirar silencioso de seu nariz arrebitado. E ela dorme, dorme… Dorme sobre meus braços, acalantada por um pouco de lençol com alguns amassos.
E eu a observo, silencioso, com o sol nascendo lentamente. A cortina vazada, a janela transparente como só a alma sabe ser. E ela repousa, calma, silenciosa e perfeitamente. Seu sorriso se desmancha, mas, em algum lugar, ainda está lá. O mundo para e espera por alguns instantes.
Ela dorme, o lençol de algodão circundando a perfeita criação. Há sol preguiçoso, um suspiro vagaroso.
E, lentamente, a poeira esvoaça. Liberta, preguiçosa, ciumenta.
E eu a amo.
Ela acorda.
Olha para mim, sorri.
Eu a amo.
E ela dorme, dorme, dorme…